29.10.06

Dica da Segunda-feira

BENEFÍCIOS DA ÁGUA OXIGENADA

Essas dicas eu recebi de um amigo, o Toninho, da UFSCAR, que certamente é mais capacitado sobre o assunto do que eu.

A água oxigenada foi desenvolvida na década de 1920 por cientistas para conter problemas de infecções e gangrena em soldados em frente de batalha. A pesquisa buscava um produto barato, fácil de transportar e usar, que pudesse ser conservado de forma fácil e à temperatura ambiente, sem problemas colaterais. Durante a segunda guerra mundial, a redução no número de baixas e amputações foi tremenda, graças ao uso da água oxigenada.
Numa solução a 3%, é um dos mais potentes desinfetantes que existem.

Isso é pouco divulgado e pode-se entender porquê. Um produto barato e simples de usar, concorre com outros desenvolvidos por laboratórios farmacêuticos e indústrias de desinfetantes domésticos e hospitalares. Portanto, não há interesse comercial no seu uso em larga escala.

O que se pode fazer com água oxigenada:

1 - Uma colher de sobremesa do produto usada para bochechos e mantido na boca por alguns minutos, mata todos os germes bucais, branqueando os dentes! Cuspir após o bochecho.

2 - Manter escovas de dentes numa solução de água oxigenada conserva as escovas livres de germes que causam gengivite e outros problemas bucais.

3 - Um pouco de água oxigenada num pano desinfeta superfícies melhor do que qualquer outro produto. Excelente para usar em cozinhas e banheiros.

4 - Tábuas de carne e outros utensílios são totalmente desinfetados após uso, com um pouco de água oxigenada. O produto mata qualquer bactéria ou germe, inclusive salmonela.

5 - Passada nos pés, à noite, evita problemas de frieiras e outros fungos que causam os principais problemas nos pés, inclusive mau cheiro (chulé).

6 - Passada em ferimentos (várias vezes ao dia) evita infecções e ajuda na cicatrização. Até casos de gangrena regrediram com o seu uso.

7 - Numa mistura meio-a-meio com água pura, pode ser pingada no nariz em resfriados e sinusites. Esperar alguns instantes e assoar o nariz. Isso mata germes e outros microorganismos nocivos.

8 - Um pouco de água oxigenada na água do banho ajuda a manter a pele saudável, podendo ser usada em casos de micoses e fungos.

9 - Roupas que precisem desinfecção (lençóis, fraldas, etc), ou aquelas em contato com secreções corporais e sangue, podem ser totalmente desinfetadas se ficarem de molho numa solução contendo água oxigenada antes da lavagem normal.

10 - Certamente você encontrará outras formas de usar a água oxigenada em sua casa.

26.10.06

Franz Kafka

"Não há necessidade de sair da sala. É suficiente sentar-se à mesa e escutar. Nem sequer é necessário escutar, é só esperar. Nem sequer é preciso esperar, é só aprender a ficar em silêncio. O mundo se oferecerá a você livremente para ser descoberto."

24.10.06

Alzheimer

Não sei se estas dicas funcionam mesmo contra o bandido alemão, MAL DE ALZHEIMER, nem sei se as pesquisas citadas são reais. Recebi isso por e-mail, e acho que não custa fazer os exercícios propostos, nosso cérebro vai agradecer.

Ginástica para o cérebro : Trocar de mão para escovar os dentes é bom para o cérebro .
O simples gesto de trocar de mão para escovar os dentes, contrariando a rotina e obrigando a estimulação do cérebro, é uma nova técnica para melhorar a concentração, treinando a criatividade e inteligência e, assim, realizando um exercício de NEURÓBICA.

Uma descoberta dentro da Neurociência vem revelar que o cérebro mantém a capacidade extraordinária de crescer e mudar o padrão de suas conexões.
Os autores desta descoberta, Lawrence Katz e Manning Rubin (2000) revelam que NEURÓBICA, a " aeróbica dos neurônios ", é uma nova forma de exercício cerebral projetada para manter o cérebro ágil e saudável, criando novos e diferentes padrões de atividades dos neurônios.

Cerca de 80% do nosso dia-a-dia é ocupado por rotinas que, apesar de terem a vantagem de reduzir o esforço intelectual, escondem um efeito perverso: limitam o cérebro. Para contrariar essa tendência, é necessário praticar exercícios "cerebrais" que fazem as pessoas pensarem somente no que estão fazendo, concentrando-se na tarefa.

O desafio da NEURÓBICA é fazer tudo aquilo que contraria as rotinas, obrigando o cérebro a um trabalho adicional.
Tente fazer um teste:
- use o relógio de pulso no braço direito;
- escove os dentes com a mão contrária da de costume;
- ande pela casa de trás para frente; (crianças gostam de treinar isso!)
- vista-se de olhos fechados;
- estimule o paladar, coma coisas diferentes;
- veja fotos de cabeça para baixo;
- veja as horas num espelho;
- faça um novo caminho para ir ao trabalho;
A proposta é mudar o comportamento rotineiro. Tente, faça alguma coisa diferente com seu outro lado e estimule o seu cérebro. Vale a pena tentar!
Que tal começar a praticar agora, trocando o mouse de lado ?

22.10.06


"O homem se interessa pelas coisas maravilhosas, então, ele as inventa. E se assombra. "
Edgar Watson Howe

20.10.06

XUXUZINHO (Rita Lee)



Composição: Roberto De Carvalho
Procuro um gato, nesse mundo cão
Um candidato à vaga do meu coração!
Não precisa ser rico, basta me amar
Mas se tiver alguns dólares, não vou chorar!

Papai do Céu, me dá um namorado
Lindo, fiel, gentil e tarado
Xuxu, xuxuzinho
Par de vaso
Minha uva, meu vinho

Um piquenique numa ilha
Hulla-hulla, maravilha
Sem telefone, sem ninguém
You Tarzan,
Me Jane
Um anel no dedo
Um marido na mão

Eu Dalila, ele
Sansão
Josefina e Napoleão
Eu Isolda, ele Tristão
Maria Bonita e Lampião
Eu a mina, ele o rei Salomão
Eu Cosme, ele Damião

19.10.06

O Rei Nu

A Regina, do Sheherazade, sempre tem boas histórias pra nos contar. Mas no dia 18 de outubro ela postou uma particularmente interessante. Sugiro que passem por lá.

18.10.06

"Por que votei nulo"

(Esse artigo é do EDWARD BLOOM, e eu transcrevo do Digestivo Cultural, que recomendo.)

Votei nulo. Digo isso e as pessoas gemem. Que ultraje, o voto nulo. Que indolência. Antes das eleições, senhoras respeitáveis me puxavam pelo cotovelo e me deixavam embaraçado falando sobre cidadania e consciência cívica – da mesma forma como sempre fico embaraçado com um moleque de treze anos na tevê falando sobre o uso da camisinha. Essas pessoas acham humilhante alguém não querer votar em nenhum dos políticos. É praticamente indecente não se sujeitar, como eles, a votar no menos ruinzinho. Numa última tentativa desesperada, faziam jogo sujo, pegavam pesado: "Temos que derrotar o Lula!", diziam. Olha que baixeza, que baixeza.

Eu adoraria derrotar o Lula, óbvio. Também adoraria derrotar todos os outros políticos, se pudesse. Derrotar um político deveria ser o único objetivo de todo eleitor. O meu dilema moral, entretanto, é que, para derrotar um político, seria preciso apoiar outro, a oposição, no caso. E se o Alckmin ganhasse por minha causa, meu Deus? Eu tremo de horror diante de tal situação monstruosa – vejam como minhas mãos tremem. É possível admitir que, com a vantagem do Lula, o meu voto anulado o ajudasse a ganhar, mas seria uma meia culpa apenas; doeria bem menos na minha consciência não muito cívica, digamos, do que ajudar o outro a ganhar. Por isso votei nulo.

Mas eu não fico muito feliz por anular meu voto desse jeito. O voto nulo ideal, para mim, seria aquele que anulasse o cargo por um mandato inteiro. Se os votos nulos ganhassem dos deputados em cada estado, passaríamos alguns anos livres deles. Em suas cadeiras poderíamos colocar uma bexiga colorida indicando que aquele cargo foi anulado. Seria mais barato, pelo menos. E mais bonito. Estaríamos livres de senadores, vereadores, etc. Não seria maravilhoso? Imaginem o congresso cheio de bexigas e tentem não sorrir. Pensem em quatro anos sem presidente e tentem não sorrir. Esta, aliás, é a única opção, a melhor, que não temos: a de não elegermos políticos. Quem precisa de um presidente, senão os próprios políticos? Quem precisa de políticos, senão os próprios políticos? O que o Lula fez, falou, representou que não fosse solenemente desprezível? O que os outros políticos fizeram, falaram ou representaram que não fosse solenemente desprezível? E seus assessores? Seus secretários? Seus funcionários de alto e baixo escalão? Eu anularia todos, um por um. A questão é que não sou tão niilista assim e quase entendo a necessidade de um Estado, porém que seja mínimo, caramba, que tenha menos gente possível.

Isso tudo vem do meu passado politizado, quando decorava frases do Roberto Campos para bater em esquerdistas. Foi quando, num bate-papo, respondendo a uma pergunta tola minha, Diogo Mainardi disse que não importava o modelo, se tucano ou petista, o que importava era tirar os políticos das costas da população. Me senti muito burro por não ter pensado nisso antes e, desde então, tomei uma distância saudável dos políticos.

Semana passada, por exemplo, discuti com sete lulistas. Perdi todas. Nunca em toda a minha vida soube tão pouco sobre o Lula, sobre sua política e sobre seu governo. E nunca me senti tão feliz comigo mesmo, tão decidido, tão maduro. Não tenho dúvidas, foi a melhor forma que encontrei para manifestar o meu menosprezo. Esqueci, orgulhoso, todas as denúncias, todos os errinhos de português do Lula e me tornei essencialmente contra ele, preconceituosamente contra ele. E contra todos os outros políticos, evidente. Me tornei um opositor melhor.

Agora tem uma turma reclamando das pessoas que reclamam dos políticos. Vi isso na última eleição, a de 2002, e estou vendo de novo. "Ficam aí reclamando, mas deveriam ter escolhido direito!". Escolhido quem, mano? Está partindo do princípio de que é possível encontrar gente razoavelmente honesta no meio político. Quer acreditar nisso, ok, vá em frente, mas eu não acredito. Na verdade, sempre suspeitei que só o fato da pessoa cogitar a idéia de trabalhar com política já implica algum desvio de caráter. Não acredito no altruísmo puro e simples dos políticos. Enxergo em cada ação política um objetivo mesquinho, não importando a nobreza desta ação. E isso torna qualquer escolha, se é que existe alguma, inútil.

Ó, em Napoleon of Notting Hill, G.K.Chesterton imaginou uma sociedade governada por um rei soberano que era escolhido através de um sorteio entre todos os cidadãos; sendo assim, cada cidadão tinha uma chance de ser conclamado rei pelo resto de sua vida. Considerando que, na totalidade, os políticos brasileiros não são lá muito confiáveis, a probabilidade (não durmam agora, falta pouco) de se achar uma pessoa menos mau-caráter fora da política é satisfatória. Embora eu não esteja disposto a arriscar muito nessa idéia, acredito que seja uma solução bem menos ridícula do que implorar para as pessoas escolherem melhor seus políticos, por favor. E votar nulo, a solução menos ruinzinha.

E para efeito didático, aqui está a lista com os candidatos em quem votei:
* Presidente:Monteiro Lobato (Partido da Literatura) 92
* Governador:Castro Alves (Partido da Literatura) 92
* Senador:Euclides da Cunha (Partido da Literatura) 921
* Deputado Federal:Carmem Miranda (Partido da Música) 9112
Deputado Estadual:Mussum (Partido da Televisão) 93111



16.10.06

Gosto


Adoro água, sob todas as formas, inclusive chuva.



E gosto muito de ser uma "caipira do interior". Gosto do cheiro de mato molhado.


15.10.06

...




Passou o feriado, a sexta-feira treze, passou o final de semana, e eu quase nem senti.
Bem dizem que na vida, tudo é passageiro.
Menos o cobrador e o motorista.

12.10.06

PESSOA ERRADA (Luiz Fernando Veríssimo)



Pensando bem, em tudo o que a gente vê, e vivencia,e ouve e pensa, não existe uma pessoa certa pra gente.Existe uma pessoa que, se você for parar pra pensar é, na verdade, a pessoa errada.
Porque a pessoa certa faz tudo certinho.Chega na hora certa, fala as coisas certas, faz as coisas certas, mas nem sempre a gente tá precisando das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.A pessoa errada te faz perder a cabeça, fazer loucuras, perder a hora, morrer de amor.
A pessoa errada vai ficar um dia sem te procurar, que é pra na hora que vocês se encontrarem a entrega ser muito mais verdadeira.
A pessoa errada, é na verdade, aquilo que a gente chama de pessoa certa.
Essa pessoa vai te fazer chorar, mas uma hora depois vai estar enxugando suas lágrimas.
Essa pessoa vai tirar seu sono, mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível. Essa pessoa talvez te magoe. E depois te enche de mimos pedindo seu perdão.
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo ao seu lado, mas vai estar 100% da vida dela esperando você, vai estar o tempo todo pensando em você.A pessoa errada tem que aparecer pra todo mundo, porque a vida não é certa, nada aqui é certo.
O que é certo mesmo, é que temos que viver cada momento, cada segundo, amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo, querendo, conseguindo. E só assim é possível chegar àquele momento do dia em que a gente diz: "Graças a Deus deu tudo certo". Quando na verdade tudo o que Ele quer é que a gente encontre a pessoa errada pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente...

10.10.06

Atrevida

(Ivan Lins / Vitor Martins)

Estou mais atrevida
Mordaz e ferina
Estou cheia de vida
Sagaz e ladina
Já não sou mais a mesma
Respiro outros ares
Navego outros mares
São tantos olhares
Convites, sorrisos
Eu gosto, eu preciso, pois é...
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Por isso me esqueça...
Virei a cabeça
Nas noites mal dormidas
Rezava seu nome
Olhava na janela
Chorava seu nome
Mexia em sua roupa
Gemia seu nome
Morria de sede
Subia as paredes
Me amava sozinha
Você não me vinha, pois é...
Que ficou impossível não ver
Mudei de você
Já não me inicia
Já não me arrepia
Estou mais atrevida
To cheia de vida
Você não me provoca
Nem quando me toca
Agora eu tenho é fome
De homem que seja feliz
A academia Runner(SP) tinha um outdoor que dizia o seguinte:
"Neste verão, você quer ser sereia ou baleia?"

Uma mulher enviou a eles a sua resposta e distribuiu o seguinte e-mail por aí...

"Ontem vi um outdoor da Runner, com a foto de uma moça escultural de biquíni e a frase:
Neste verão, qual você quer ser? Sereia ou Baleia? Respondo: Baleias sempre estão cercadas de amigos. Baleias têm vida sexual ativa, engravidam e têm filhotinhos fofos. Baleias amamentam. Baleias nadam por aí, cortando os mares e conhecendo lugares legais como as banquisas de gelo da Antártida e os recifes de coral da Polinésia. Baleias têm amigos golfinhos. Baleias comem camarão à beça. Baleias esguicham água e brincam muito. Baleias cantam muito bem e têm até CDs gravados. Baleias são enormes e quase não têm predadores naturais. Baleias são bem resolvidas, lindas e amadas.

Sereias???? Sereias não existem. Se existissem viveriam em crise existencial: Sou um peixe ou um ser humano? Não têm filhos, pois matam os homens que se encantam com sua beleza... São lindas mas tristes e sempre solitárias... Runner, querida, prefiro ser baleia!"


A academia Runner retirou o outdoor.

9.10.06

Aldous Huxley



"Sob nenhuma hipótese maquine sobre o seu próprio erro, nem se torture recriminando-se. Dar voltas no lodo não é a melhor maneira de se limpar."

8.10.06

AMIGAS AO TELEFONE (Luís Fernando Veríssimo)

- Oi, me conta como foi o encontro de ontem a noite ?
- Horrível, não sei o que aconteceu....
- Mas por que ? Não te deu nem um beijo ?
- Sim... beijar, me beijou. Mas me beijou tão forte que meu dente postiço da frente caiu e as lentes de contato verdes saltaram dos meus olhos....
- Não me diga que terminou por aí .
- Não, claro. Depois pegou no meu rosto entre suas mãos, até que tive que pedir que não o fizesse mais, porque estava achatando o botox e me mordia os lábios como se fossem de plástico... ia explodir o meu implante de colágeno e quase sai o mega hair!!!!
- E... não tentou mais nada ?
- Sim, começou a acariciar minhas pernas e eu o detive, porque lembrei que não tive tempo para me depilar. E além do mais, me arrebatou com uma luxúria e estava me abraçando tão forte que quase ficou com minhas próteses da bunda nas suas mãos e estourou meu silicone do peito...
- E depois, que aconteceu ?
- Aí então, começou a tomar champagne no meu sapato...
- Ai, que romântico....!!!
- Romântico o cacete ! Ele quase morreu!!!
- E por quê?
- Engoliu meu corretor de joanete com a palmilha do salto...
- Nossa, que ele fez ?
- Você acredita que ele broxou e foi embora? Acho que ele é viado.
- Só pode!

(Rs... recebi esse texto por e-mail e dei boas risadas. Desculpem minha ausência prolongada, mas Chronos não tem sido muito complacente comigo. E agora o primeiro debate dos canditatos à presidência nesse segundo turno já deve estar começando. Beijos!)

5.10.06

Os pássaros, a canção e a pressa




Considerações sobre a indústria da urgência e o caso de um brasileiro que escapou dela
(Roberto Pompeu de Toledo)



Houve um tempo em que quem falava sozinho na rua era considerado louco. Hoje, em nove caso em dez, trata-se do portador de um telefone celular, pessoa considerada normal. Esta observação, como já terá adivinhado o leitor, vem a propósito da morte desse grande brasileiro que foi Antonio Carlos Jobim, mas vamos por partes, começando com um retrospecto do que tem sido a aventura humana neste século.

A aceleração do tempo é uma das características do século XX, talvez a principal delas. As coisas chegam e vão embora com impressionante rapidez. Flâmula – quem se lembra desse objeto? Nos anos 50 e 60, não havia quarto de rapaz que não fosse decorado com flâmulas, essa espécie de bandeira triangular homenageando clubes ou universidades, cidades ou países. As flâmulas chegaram, fizeram grande sucesso e foram embora. O bambolê teve a mesma sorte.

O século XX viu nascer e morrer o long-playing, o comunismo, o Zeppelin, Che Guevara, a admiração por Che Guevara, John Kennedy, a admiração por John Kennedy, o charleston, o musical de Hollywood, a Iugoslávia, o radinho de pilha, os hippies, os yuppies, o bonde elétrico, o Concorde, as viagens espaciais tripuladas, o surrealismo, o gramofone a vitrola de alta fidelidade (“hi-fi”), o hidroavião, o concretismo, o disco de 78 rotações e a União Soviética. Algumas invenções pareciam irremediavelmente destinadas à obsolescência quando experimentaram um espetacular retorno. Exemplo: camisinha. Outras pareciam destinadas a um espetacular retorno quando experimentaram o fracasso. Exemplo: o Cometa de Halley, que fez enorme sucesso em 1910 e falhou em 1986.

Pode-se alegar que em outros séculos também houve costumes, tecnologias e cometas de vida breve. Não como no século XX, nem em quantidade nem em velocidade. No curto espaço de cinqüenta, sessenta ou setenta anos passou-se do 14-Bis ao Boeing 747, da Maria-fumaça ao Trem-bala, da navalha ao aparelho Gillete Sensor, do cinema mudo ao vídeo laser, do lampião a gás ao forno microondas. Como resultado, a própria velocidade do tempo passou a ser um valor em si. Se as coisas não andam depressa, ficam aborrecidas. Parar é chatear-se, e lá vamos nós: a gastança do tempo, a gula de digeri-lo, o consumo compulsivo – desesperado dir-se-ia – dessa substância sem cor nem cheiro chamada tempo passou a ser a mais invencível dependência do período, a droga mais mortal. Esta é a hora dos excitados.

Nesse processo, uma das criações mais características do século foi a indústria da urgência. É preciso correr atrás do tempo. Ou correr na frente, melhor ainda. Chegar antes dele, fazer uma hora em menos de uma hora, eis o ideal. Quem não consegue capota, está fora do ritmo, fora de seu tempo, e pronto – com isso chegamos ao telefone celular. Ele é a culminância apoteótica da indústria da urgência que caracteriza estes nossos anos. Contabilize o leitor com rigor científico: quantas vezes deu na vida, ou recebeu, um telefonema realmente urgente? Algo que não pudesse esperar meia hora, até o próximo orelhão? Comunicados realmente urgentes não são um acontecimento cotidiano. A rigor, ao longo de uma vida, talvez não sejam dois ou três – excetuando o caso dos médicos, que já têm bip e não precisam de telefone celular.

E no entanto os celulares se multiplicam como saúvas, brotam como capim. Centenas deles, milhares, entram em circulação a cada dia. As pessoas na rua portam o aparelhinho como se fosse uma nova peça do vestuário, ou um novo complemento, como o guarda-chuva – ainda que mal comparado, pois o guarda-chuva, em sua silenciosa dignidade, não toca, não fala e nem é histérico como o telefone celular. De repente um monte de gente percebeu que tem pressa, não pode esperar, que é urgente chamar, é urgente ser chamado, é urgente, é urgente, é tudo tão urgente...

Antonio Carlos Jobim não tinha nada a ver com isso, e é por isso que é lembrado nestas linhas. Era um homem de vagares. Gostava de passarinhos, árvores, canções e poesia, quatro produtos fora do alcance da indústria da urgência. Ele andou na contramão da mistificação da pressa que se abateu sobre as vidas da esmagadora maioria de seus contemporâneos. E porque tinha uma outra percepção do tempo conseguiu, mesmo num território do efêmero como da música popular, deixar uma obra que o ultrapassa, em duração.
(Veja, ed.1371, p. 150)


3.10.06

Da série: palavras que nunca lhe direi.


Olha...
... você tem todas as coisas que um dia eu sonhei pra mim.
A cabeça cheia de problemas, não me importo, eu gosto mesmo assim.

(Trecho da música "Olha", de Roberto e Erasmo Carlos)

Tantas emoções...

Pois então... nem me recuperei de um final de semana cheio de interrogações e surpresas, e a segundona veio "energética"!
No domingo cumpri meu papel de cidadã participativa dessa república democrática e votei direitinho. E ontem, voltando pra casa depois de ter cumprido minha honrada jornada de trabalho, num veículo de transporte coletivo alternativo (as famosas "vans"), levei um susto daqueles de deixar o coração na boca.
Fomos assaltados com revólver e tudo, por dois "moleques crescidos", de cara limpa, por volta de 20h00, em Jardinópolis.
O que eleição tem a ver com o assalto? Tudo, oras!
Puxa, que puxa!! Cidadezinha pequena, todo mundo se conhece... gritos, armas em mãos que tremem... E esses marmajos cara-de-pau roubando impunemente, bancando heróis no horário nobre da TV.
E a gente elegendo Maluf, Collor, Clodovil, Palocci... é ou não é pra deixar qualquer cristão de boa vontade com a pressão alta?
Hoje logo cedinho, botei Chico Buarque no bolso e fui caminhar em boa companhia.
Que Deus nos ajude!!

1.10.06



"Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido"

(trecho de "João e Maria" - Sivuca e Chico Buarque)